Artigo de Antônio da Silva Dias, médico veterinário homeopata e pesquisador da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola. Este artigo foi resumido por João Mangabeira – Pesquisador da Embrapa e membro da Rede Agroecologia.
O perfil do consumidor está mudando. Todos estão preocupados com o grau de contaminação dos alimentos, quer seja a sua origem animal e vegetal. Cada um quer ter uma boa qualidade de vida e não há dúvida de que ela começa pela boca. Na trilha das oportunidades para viabilizar seus negócios, os produtores já perceberam esta fato e estão procurando adequar-se à realidade do mercado. Assim, na área da exploração de carne, surgiram os nomes de boi verde e boi orgânico. Por vezes, o público pensa tratar-se de uma carne obtida da mesma forma ou de forma semelhantes, porém a idéia não corresponde à verdade.
O termo boi verde nasceu na Argentina, há alguns anos, quando os pecuaristas sentiram necessidade de criar um meio de diferenciar seus produtos nos mercados internacionais. Toda propaganda passou, então, a fazer-se baseado na divulgação de que a carne argentina tem a sua origem em animais que, desde o seu nascimento, foram criados soltos, mamando vários meses e cujas alimentação, após o desmame, foi basicamente em pastagens, sendo, portanto, animais, como eles mesmo chamam "felizes", sendo esta uma forma de marketing. Mais recentemente, este termo foi introduzido no Brasil por pecuaristas que alimentam seus animais a pasto, com uso de insumos químicos sintéticos para cura e algumas vezes adubações químicas das pastagens, geralmente em criações extensivas, tendo o mesmo significado que na Argentina, embora, em termos de propaganda, a ênfase seja mais relacionada com a alimentação de que se trata de uma carne mais saudável, com teor de colesterol inferior.
O que concerne ao termo boi orgânico, tem a ver com animais criados nos sistemas de produção também denominados de orgânicos (biodinâmicos, ecológico, nativo, natural ou biológico) aproveitando apenas produtos e recursos naturais no processo produtivo, além de terem de respeitar os princípios ecológicos de convívio com o meio ambiente e sua utilização pelo homem. No Brasil, a produção orgânica de boi já está regulamentada. E como nos sistemas orgânicos de produção, a base fundamental é o solo, o primeiro ponto indispensável é a proibição de qualquer insumo químico sintético, com alimentação a pasto ou confinamento sendo de origem orgânica. È totalmente proibido o uso de drogas químicas sintéticas no tratamento dos animais, e é imprescindível haver o respeito ao bem estar dos mesmos. Nestes sistemas, portanto, a prevenção tem um papel muito mais importante do que a cura. No entanto, tanto para a prevenção como para cura, só é permitido o uso da homeopatia, da fitoterapia, da acupuntura e de microorganismo (não/OGM).(organismos não maodificados).
Aprofundando o assunto, chega-se à questão: O que é um alimento bom? Bem, em primeiro lugar, ele tem que ser saudável, mas também nutritivo, saboroso e com bom aspecto. Os alimentos de origem orgânica encaixam-se perfeitamente nestas condições já a partir do fato de que ocorre a ausência total de possíveis contaminantes na cadeia produtiva. Além disso, estudos recentes têm mostrado que são superiores do ponto de vista nutricional (mais ricos em vitaminas, minerais e mesmo aminoácidos essenciais). Quanto ao sabor.... quem provou sabe perfeitamente. No que concerne ao aspecto, sem dúvida, quando o sistema orgânico está em equilíbrio, a aparência é inclusive melhor.
Podemos, então, verificar que as diferenças entre boi orgânico e boi verde são consideráveis, mas quem decide é o consumidor que sempre vai ter a última palavra na decisão sobre o que quer financiar, se uma boa qualidade de vida, do ponto de vista alimentar e de proteção ao meio ambiente, ou se prefere continuar sendo iludido com as meias verdades do boi verde.
Compilado por Freitas
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