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terça-feira, 11 de outubro de 2011

DIFÍCIL ARRUMAR A CASA.

       A humanidade é capaz de perceber e das quais também faz parte; mostrando a emergência de um pensamento complexo apto para abordar os fenômenos não mais de modo fragmentado, mas de religá-los, levando à construção de um conhecimento transdisciplinar.

Este trabalho está dividido em três partes. A primeira parte tem o intuito de abordar o referencial teórico da sustentabilidade, através da discussão dos conceitos de ecologia, ecossistema, ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável, meio ambiente, economia ecológica e economia do estado-estável. A segunda parte discute os conceitos de ciência, complexidade e desenvolvimento, procurando mostrar a dificuldade de se lidar com as questões ambientais em função da fragmentação e compartimentação do saber científico. A terceira parte visa articular a reciclagem (não só dos resíduos) ao macro conceito de auto-eco-organização, como pressuposto (viabilização) para a construção de uma sociedade sustentável.

A metodologia utilizada neste estudo foi a análise bibliográfica sobre o pensamento complexo e ao tema referente à sustentabilidade. Apesar de não ter sido possível realizar um trabalho mais amplo considero útil o feito aqui realizado.

 Por questão ambiental pode-se entender a contradição fundamental que se estabeleceu entre os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem, marcadamente a partir do século XVIII, e a sustentação deste desenvolvimento pela natureza. A partir da revolução industrial, a velocidade de produção de rejeitos da sociedade, o avanço do mundo urbanizado e a força poluidora das atividades bélicas e industriais, superaram em muito a capacidade regenerativa dos ecossistemas e a reciclagem dos recursos naturais renováveis colocando, em níveis de exaustão os demais recursos naturais não renováveis.

 Daí a característica fundamental que emerge das questões ambientais ser o posicionamento crítico diante da modernidade. A crítica é formulada à sociedade ocidental contemporânea, aos seus produtos e pensamentos. Seus alvos são a ciência; a tecnologia; a visão de mundo racionalista; os padrões de consumo e o próprio desenvolvimento enquanto simples crescimento. Seus sentidos são múltiplos, não se fixando apenas na modernidade, mas ao próprio processo histórico que desemboca na atualidade como um projeto de civilização ocidental científico-racional. Um importante "pacto" com a natureza teria sido anulado em virtude de o Deus único da tradição judaico-cristã instigar aos homens o domínio e a subordinação do mundo natural para o seu próprio uso e benefício. Assim, a modernidade seria apenas um momento de exacerbação da potência devastadora da civilização humana.

Esta postura crítica estaria imbuída de uma comparação entre a sociedade ocidental e as sociedades tribais e tradicionais. Estas últimas seriam as detentoras da verdadeira sabedoria e da ética apropriada que as tornariam capazes de manter o relacionamento ideal com a natureza. Daí a oposição básica de dois modelos de relacionamento com a natureza: um que privilegia a co-evolução entre a natureza e o homem (influência das sociedades tribais e tradicionais) e outro que elege o progresso através da competição e subordinação da natureza ao homem (sociedade industrial judaico-cristã).

Quando questionamos e criticamos a sociedade industrial moderna, o que temos em mente, em geral, são as conseqüências da industrialização sobre o meio ambiente natural e urbano, portanto, também, dos valores pertinentes ao modo de vida ocidental que se globaliza em um planeta finito.

É sobre esta perspectiva de crítica à modernidade, como sendo um processo civilizatório antinatural, desarmonizador, que se constituirá o paradigma ambiental. "A questão ambiental pode então ser entendida, em seu limite, como a contradição homem-biosfera. Entender esta contradição, e até mesmo aceitá-la, significa reconhecer que os métodos científicos empregados na leitura da realidade apresentam resultados fragmentados e, que o conceito de infinitude dos recursos naturais utilizados pelos modelos de desenvolvimento é, no mínimo, equivocado".

Não é apenas uma questão de rejeitarmos uma prática de intervenção no mundo natural escusada nos valores predatórios praticados pela civilização ocidental moderna, mas de transformarmos o aparato simbólico de apreensão do mundo por parte desta sociedade moderna e, conseqüentemente, modificar a práxis que a humanidade vem realizando nestes últimos 200 anos, a qual está levando a continua devastação do mundo natural e, por extensão, também ao mundo humano.